Eletroquimioterapia e EletroGeneterapia

15/01/2020 | Supreaespecialidades

 

O crescimento da utilização de campos elétricos no tratamento do câncer

 

A utilização de campos elétricos em terapias contra o câncer é uma das grandes novidades nas últimas duas décadas em oncologia. Algumas terapias vêm se destacando como a Eletroporação irreversível e principalmente a eletroquimioterapia. Em se tratando de eletroquimioterapia (ECT) podemos destacar o Brasil como o principal pólo de aplicação da técnica em medicina veterinária no mundo seguido pela Argentina, outro grande pólo. Estes dois países começam a ser fomentadores da disseminação da técnica na América Latina e a maior prova disso é a realização do II Encontro Latino Americano de Eletroquimioterapia Veterinária em São Paulo, nos próximos 22 e 23 de novembro em São Paulo (programa – Figura 1).

 

Participantes de vários países da américa latina como Argentina, Peru, Chile, México, Equador, Colômbia estão confirmados. O evento contará ainda com a presença do Dr. Lluis Maria Mir, o principal nome da técnica no mundo, pesquisador do maior instituto de Oncologia da Europa.  O Dr. Mir foi o grande desenvolvedor mundial da técnica para medicina e além dos estudos com eletroquimioterapia ele hoje explora em suas pesquisas a utilização de campos elétricos como vetor aplicado a terapia gênica (gene electro transfer).  Nesse campo já existem trabalhos publicados que utilizam o fenômeno de eletropermeabilização como vetor para inserção de genes em células, com objetivos, por exemplo, de produção de substâncias que potencializam o sistema imunológico do paciente contra o câncer ou contra alvos específicos como a telomerase, que tem sua atividade presente em mais de 90% de neoplasia malignas caninas. Em medicina veterinária trabalhos com gene electro transfer (GET) já mostraram resultados promissores em mastocitomas. Essa nova aplicação vem justamente tentar romper a barreira de “terapia local” da eletroquimioterapia. Os evidentes resultados locais da eletroquimioterapia associados aos efeitos sistêmicos da GET (com objetivo de potencializar sistema imune) permitiriam que a abordagem com ECT também tivesse um alcance a metástases ou focos ocultos da doença, o que seria uma grande esperança para pacientes em estágio avançado da doença. Embora muitos tumores já se encontrem em “fase de evasão tumoral”, a possível combinação dessa modalidade com drogas que “reativam” o sistema imunológico contra o câncer também já começam a serem testadas em conjunto com a ECT-GET. Essa combinação ECT-GET promete ser mais uma das grandes terapias contra o câncer nos próximos anos.

 

Autores:

Físico MV PhD Marcelo Monte Mór Rangel

MV MsC Jennifer Ostrand Freytag

MV Esp Priscila Gil Quadros

 

Referências

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